sábado, 25 de maio de 2013

No Projetor - ET - O Extraterrestre


            Um garoto solitário que sente a falta do pai e não encontra muitos laços afetivos entre os irmãos ou mesmo com a mãe, que nunca está em casa ou, quando está, se mostra sem tempo e apressada demais entre emprego, contas e atividades domésticas para prestar atenção ao filho. Um pequeno estrangeiro que se perde da família e se vê sozinho em um mundo totalmente novo e estranho à ele, sem a mínima noção ou esperança de como voltar para casa.
              Estes dois, com sentimentos tão semelhantes de perda e abandono encontrarão uma amizade pura e verdadeira um no outro no clássico imortal de Steven Spielberg, ET - O Extraterrestre.
             Filme de 1982 dirigido por Steven Spielberg, com roteiro de Melissa Mathison e produzido por Kathleen Kennedy e pelo próprio Spielberg - fundadores da Amblin - que conta a história do pequeno alienígena que se perde de sua família em uma visita à terra.
           
Steven Spielberg
            Somos apresentados a Elliot, o filho do meio de uma família comum de algum lugar nos estados unidos. Durante uma sessão de jogo entre os amigos de seu irmão, Elliot sai para ir buscar a pizza do lado de fora e quando está voltando escuta ruídos estranhos vindos de sua garagem. O garoto decide investigar, pensando que fosse o cachorro, e tem um encontro inesperado com uma criatura que nunca viu em sua vida. Elliot volta correndo assustado para casa, convencendo sua família de que há algo lá fora, porém quando voltam, não encontram nada e atribuem o ocorrido à imaginação do garoto.
               Intrigado e certo de que não imaginara nada, Elliot decide procurar aquilo que viu na noite anterior e sai pelos arredores jogando doces e chamando a criatura. Sem encontrar nada, volta pra casa e monta guarda com uma lanterna do lado de fora, certo de que o visitante irá voltar.
               Assombrado, Elliot vê a criatura vir em sua direção no meio da noite e devolver alguns dos doces que ele jogara pelo caminho. Ao mesmo tempo em que está assustado, Elliot está curioso o suficiente para conseguir atrair o estranho pra dentro do seu quarto, talvez por pensar se tratar de algum animal perdido, talvez alguém que possa ser seu amigo.
           Cria-se aí, um laço afetivo e emocional que ligará os dois à partir de então. Elliot, na generosidade que somente as crianças podem demonstrar, abriga um desconhecido em seu quarto, mostrando-lhe suas coisas, seus brinquedos e gostos como qualquer garoto faria. Surgia ali um amor sincero entre os dois, tão semelhantes e tão diferentes entre si.
               Elliot decide mostrar seu novo hóspede ao irmão, Michael, sendo que sua irmã mais nova, Gertie, acaba descobrindo também, e os dois juram não contar nada a ninguém, nem mesmo à sua mãe. O interessante é que a mãe está tão fora do mundo das crianças que nem mesmo nota o ser estranho em sua casa na manhã seguinte, cruzando com ele várias vezes sem nem mesmo notá-lo.
               As crianças descobrem que o visitante vem de muito longe, em algum lugar no espaço, que se perdeu de sua família e precisa voltar para casa. Elliot decide prontamente ajudar o ET a reencontrar os seus. Em paralelo, agentes do governo procuram o alienígena que se perdeu e, tendo consciência disso, os garotos mantém em segredo absoluto a presença de ET.
               O filme conta com algumas sutilezas interessantes; é filmado praticamente somente na altura dos olhos de Elliot, sendo que a única figura adulta que vemos inicialmente é a da mãe. Não vemos o rosto de outros adultos com os quais Elliot não tenha um carinho especial ou não sejam tão próximos a ele, como seu professor de ciências, que nem mostra o rosto no longa, ou os agentes do governo que são somente sombras na noite, quase como monstros noturnos que chegam a ser assustadores. Isso cria um paralelo interessante, pois os adultos alheios à vida de Elliot são mais alienígenas do que o próprio ET; são eles que representam o verdadeiro perigo. A cena em que a casa de Elliot é invadida por estes agentes é muito semelhante com uma cena de abdução por alienígenas em outros filmes.
               Outro ponto interessante é que a atmosfera fora da casa também é assustadora durante a noite, cheia de neblina, com algumas luzes distantes, como se fosse realmente um cenário de filme de terror.

Música por John Williams.

               Além disso, o filme possui cenas imortalizadas no cinema, como o vôo na bicicleta ou Elliot tendo o machucado no dedo sendo curado magicamente pelo ET, além de momentos divertidíssimos entre as crianças e várias referências a Star Wars e à cultura pop, tudo isso coroado pela trilha sonora sublime de John Williams, gênio das composições para Hollywood (que com certeza ganhará um post em breve neste blog!). É praticamente impossível ver uma cena deste filme ou mesmo ouvir a música sem se lembrar na hora dele.
ET ganhou vários Oscar, mas acima de tudo ganhou nossos corações, nos ensinou que devemos “Ser bons” e que as pessoas que moram em nossos corações vão sempre estar ali. A vida de Elliot nunca mais será a mesma depois daquela experiência, ele com certeza encarará a separação do pai de outra maneira, conquistou amigos em sua jornada e cresceu como pessoa, e nesse momento nós somos como Elliot, pois ao fim do filme, sentimos que não somos mais os mesmos.
ET – O Extra-terrestre é um filme mágico e atemporal que passa mensagens muito bonitas de amor e amizade entre seres completamente diferentes. Steven Spielberg é um dos meus diretores favoritos e adora passar boas mensagens para seu público, sendo até criticado às vezes por seus finais felizes. No fim, mais uma vez, nós somos como Elliot, sabemos que ET precisa ir embora, mas não queremos que ele vá, desejamos que ele fique com o garoto.
Esta é a grande mensagem do filme, se você ama alguém, deixe-a ir se ela precisar, pois aqueles que nos amam nunca nos deixam e essa compreensão é a maior demonstração de amor que podemos oferecer, pois eles sempre vão “Estar aqui mesmo”.
              


               Este é aquele tipo de filme que toca você de maneiras diferentes ao longo do tempo, eu o assisti novamente semana passada para escrever este post em sua homenagem neste blog, pois ele fez parte de minha infância e tenho muito carinho por ele, e fiquei muito feliz dele permanecer maravilhoso a ponto de me emocionar profundamente no final e ter novamente aquela sensação gostosa no peito e aquele sorriso no rosto.
               Obrigado ET, onde quer que você esteja!




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